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03/08/2016 - 05:00

Após 8 trimestres de queda, indústria retoma expansão

Influenciada principalmente pelo bom desempenho do setor de bens de capital, a indústria interrompeu uma sequência de oito quedas trimestrais e voltou a crescer no segundo trimestre do ano, trajetória que deve contribuir positivamente com o Produto Interno Bruto (PIB) no período. De maio para junho, a produção industrial avançou 1,1%, feitos os ajustes sazonais, quarta alta seguida nessa comparação, segundo a Pesquisa Industrial Mensal- Produção Física, divulgada ontem pelo IBGE. Com o resultado do mês, a produção subiu 1,2% de abril a junho em relação aos três meses anteriores, também na comparação dessazonalizada. A última alta trimestral ocorreu no primeiro trimestre de 2014, quando a atividade industrial ficou praticamente estável (expansão de 0,03%). Na avaliação de economistas, o aumento da confiança e o ajuste de estoques explicam a volta do setor ao campo positivo, assim como a taxa de câmbio em nível mais depreciado. Para o segundo semestre, a expectativa é que o setor externo siga como o vetor de retomada da indústria, ainda que modesta, uma vez que não há perspectiva de reação da demanda doméstica. Já a atividade econômica como um todo deve voltar a crescer, em bases trimestrais, entre o fim de 2016 e o início de 2017. 

 

Na passagem mensal, 18 dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE elevaram sua produção, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias (8,4%), perfumaria e metalurgia, ambas com altas de 4,7%. Todas as quatro grandes categorias econômicas tiveram resultado positivo em junho. O aumento mais expressivo, de 2,1%, veio do segmento de bens de capital, que está em ascensão desde janeiro e cresceu 6,6% entre o primeiro e o segundo trimestre, descontados os fatores sazonais. A reação da indústria em junho foi abrangente, diz Luciano Sobral, economista do Santander -atingiu 70% dos 103 subsetores analisados pelo IBGE. No mês anterior, o índice de difusão industrial havia ficado em 59%. Caso o mercado financeiro e o ambiente político continuem com comportamento mais estável, afirma, a recuperação do setor deve ser duradoura. Para Sobral, a indústria está saindo de um círculo vicioso, com retração forte da demanda doméstica, para outro mais favorável e influenciado principalmente pelo setor externo. Em sua visão, o câmbio mais competitivo e a baixa base de comparação explicam o crescimento da produção no segundo trimestre. Em menor medida, avalia, a melhora dos indicadores de confiança também teve alguma influência positiva no período.

 

Já David Beker e Ana Madeira, economistas do Bank of America Merrill Lynch , mencionam a reação dos índices de confiança como principal indutor da estabilização em curso no setor industrial. Para Beker, os dados de produção de junho são consistentes com a análise de que haverá inflexão da atividade mais adiante. No cenário do banco, a economia voltará a crescer no último trimestre de 2016. O dado geral da indústria também mostra redução no ritmo de quedas na comparação anual. Em junho, a produção caiu 6% em relação a igual mês do ano anterior, retração mais fraca do que as observadas em abril e maio, de 6,8% e 7,5%, respectivamente. No segundo trimestre, o recuo foi de 6,7%, também menor que o tombo de 11,5% registrado de janeiro até março. Segundo o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, o comportamento menos negativo do setor reflete a combinação da melhora das expectativas, do ajuste nos estoques e do aumento das exportações, em função do câmbio mais favorável. Algumas atividades como metalurgia, produção de alimentos, calçados e vestuário se beneficiam do dólar em patamar mais elevado, disse Macedo, mas a maior produção nesses segmentos não é suficiente para compensar o sinal negativo da demanda doméstica.

 

Na comparação com o primeiro trimestre, a expansão da produção é um indicativo de que a indústria vai contribuir positivamente para o resultado trimestral do PIB, destacou, dado que será divulgado no dia 31 de agosto. "A indústria está num comportamento melhor do que no início do ano e do final do ano passado", reforçou Macedo. Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), aponta que uma trajetória de recuperação consistente no setor ainda não está dada, tendo em vista a recente valorização do câmbio. O comportamento da indústria de bens de capital, no entanto, pode indicar que os investimentos devem ao menos parar de cair no segundo trimestre. De abril a junho, observa ele, a produção de bens de capital para a indústria diminuiu 3,9% sobre o mesmo período de 2015, depois de ter recuado 13,6%, em igual comparação, no primeiro trimestre. "Este é um dado alentador". Parte da queda menor se deve ao aumento da confiança empresarial, afirma, mas a necessidade de substituir máquinas e equipamentos obsoletos depois de um longo período de queda dos investimentos em capital fixo seria o principal impulso. Todos os segmentos de bens de capital pesquisados pelo IBGE apresentaram melhora no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2015. O único setor que cresceu nessa análise foi o de bens de capital para energia, que deixou queda de 12,9% de janeiro a março e avançou 4,8% de abril a junho. A queda na produção de bens de capital agrícolas passou de 33,4% para 8,9%, enquanto a retração no setor de transporte diminuiu de 28,7% para 10% e, no de construção, de 51,3% para 16,6%.

Fonte:
http://www.valor.com.br